terça-feira, 13 de junho de 2017

CIDADANIA E FÉ...


FERNANDO OU ANTONIO?

Estive em Lisboa recentemente e percorri um bairro muito conhecido na Capital Portuguesa. Talvez o mais conhecido. Estou falando de Alfama. Lá ouvi de perto coisas que não sabia sobre um certo cidadão português, chamado Fernando de Bulhões y Taveira, nascido naqueles becos ingrimes...

Alfama é a corruptela do nome original do bairro que vem da época da dominação moura a toda a península ibérica: Al hamma... Pois como disse, foi lá que nasceu o ilustre Cristão, de antes da reforma protestante, chamado Fernando... Fernando de Bulhões y Taveira Azevedo...
Falando assim pouca gente vai saber quem é. Mas se eu lhes disser Santo Antonio, todo mundo vai dizer que conhece. O santo que os católicos reverenciam hoje, na verdade, chamava-se Fernando de Bulhões y Taveira Azevedo, e, é o mesmo a quem se atribuem feitos através da fé, em Pádua e Coimbra...
Resta-me dizer porquê da devoção dos católicos que querem encontrar o amor ou casamento. Diz a história que Santo Antonio, nascido a 15 de agosto de 1195, em Lisboa, é filho do fidalgo Martinho de Bulhões, reconhecido por El Rei de Espanha, e um dos responsáveis em armas, pelo quinhão recebido por Afonso Henriques, o Condado Portucalense, depois da vitória contra os Mouros...
Seus pais, sendo nobres, tinham que consagrar à Igreja um dos filhos.  Ainda jovem, Fernando (depois Antonio) entrou para a Ordem dos Cônegos Regulares, em Coimbra, Portugal, onde estudou Teologia e Filosofia, ordenando-se padre agostiniano, em 1219. Apreciava a vida dos mártires e desejava viver o cristianismo como tal. Ficou impressionado com a morte brutal de cinco frades franciscanos, martirizados no Marrocos, em 1220. Por causa disso entrou para a Ordem Franciscana, onde passou a ser chamado Frei Antônio. No mesmo ano, decidiu ir para Marrocos, para completar a obra de evangelização dos pagãos começada pelos cinco mártires. Mas o que o tornou diferente dos irmãos na fé foi a eloquência com que anunciava o Evangelho.
Santo Antônio foi o maior pregador de seu tempo. Já velho, recusou o título de cardeal oferecido pelo Papa Gregório IX. Preferiu continuar anunciando Cristo aos pobres. Numa tarde de sexta-feira, 13 de junho de 1231, morreu vítima de hidropisia, acúmulo de água nos tecidos do corpo. Conta-se que no dia de sua morte, Antonio apareceu ao abade Tomás de Vercelli para avisar que havia morrido em Pádua. Em seguida, teria sarado um ferimento no pescoço do abade.

Menos de um mês após sua morte, os fiéis de Pádua, na Itália, enviaram o pedido de canonização do santo ao Papa Gregório IX, que logo mandou o clero examinar os milagres feitos por Frei Antônio. A investigação durou seis meses e os sacerdotes confirmaram 47 milagres, como a ressurreição de uma criança, a cura de um cego e a aparição do menino Jesus ao santo. No dia 30 de maio de 1232, menos de um ano após sua morte foi canonizado, tornando-se o santo que mais rápido chegou aos altares.

A fama de casamenteiro decorre de muitas lendas. Dentre elas, a de que existia um tirano, chamado Erzelino, que baixara um decreto, segundo o qual as pessoas deveriam levar idêntico dote para o casamento. Assim, rico casaria com rico, pobre com pobre... Casava-se mais com a carteira do que com o coração. A população da cidade revoltou-se contra a iniquidade do decreto e Santo Antonio saiu em praça pública para enfrentar o tirano, que não resistiu e acabou revogando a determinação.

No Brasil Colônia, Santo Antonio foi tão invocado pelos militares que acabou nomeado sargento mor “post mortem”. Na resistência aos invasores franceses, Santo Antonio foi invocado pelo menos duas vezes nas batalhas sangrentas que se travaram no Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, à época um charco em que havia inclusive jacarés. Pela vitória foi prometido, e, até hoje se cumpre, manter uma luz votiva acesa no nicho dado ao Santo no convento ali erigido. Dom Pedro Primeiro promoveu Santo Antonio a General do Exército brasileiro, “post mortem”, e, de acordo com a enciclopédia Barsa, o nome dele foi mantido por muito tempo no Almanaque do Exército.

Agora decidir entre Fernando ou Antonio, pouco importa. Seja feliz no amor conquistando dia após dia a pessoa que está em sua companhia fazendo da união um eterno namoro.

Falei e disse!

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